terça-feira, 22 de julho de 2014

Das Aventuras de um Amor Perdido


Antônio José era um reprodutor nato. Reprodutor não, pois só entrava por prazer e amor à vida, por respeito à felicidade e compromisso com as moças. Era um veterano arrombador, mesmo com sua juventude ainda presente, já era príncipe na arte de foder. As velhas fofoqueiras da rua - talvez úmidas por uma noite com ele - diziam que ele havia perfurado mais bocetas que todos os poetas do mundo. Era conhecido como descabaçador de meninas e despedaçador de corações. Arrombava tanto bocetas, quanto corações de suas incontáveis moçoilas. As mesmas velhas, sedentas pela rija endurecida de Antônio, fofocaram que o mesmo havia criado uma manada de tantos cornos, vítimas de sua espada penetrante e fama de veterano arrombador. Sabia viver esse garoto.

Com tudo, mesmo perfurando inúmeras bocetas, pretas, brancas e amarelas, lisas, peludas e aparadas, cheirosas e fedidas, encharcadas e ressequidas, estreitas e largas, beiçudas e reclusas, Antônio só pensava naquela. Aquela que não era a mais bonita, nem a mais carnuda, talvez, a mais cheirosa. Aquela que não só envolvia sua piroca rija para, indo e vindo, entrando e saindo, gozar litros. Aquela que reconhecia Antônio como algo além de um arrombador. Aquela que abraçava o coração dele só com os pequenos lábios. Antônio, comprometido com o prazer feminino, sentia nela não só uma gruta de veludo ensopada de tesão, mas sim, uma coisa que o preenchia por inteiro. Sentia uma mulher. Não uma boceta com mulher, mas uma mulher com uma coisa entre as pernas que não era mais importante que o sorriso do rosto dela mesma.

Mesmo sendo fiel ao seu compromisso com a vida, com as fêmeas e com a felicidade, Antônio não conseguia mais nem ser infeliz direito. Ele precisava dela, da mais cheirosa. Continuava com afinco o seu trabalho, descabaçando donzelas e martelando veteranas, mas só pensava naquela mulher com o sorriso entre as pernas, digo, com um sorriso mais lindo que as virilhas. Antônio deve ir em busca da que o preenche, da que o faz homem e não reprodutor. Ele deve e quer ir pro sorriso da mulher cheirosa. 

Pois bem... Antônio cansou-se das rachas fundas e enlarguecidas de seus compromissos. Cansou de se comprometer com a felicidade alheia. Cansou-se das flechadas obrigatórias de sua vara em alvos descansados. Cansou-se de fazer chorar as bocetas e só. Agora, Antônio quer a mulher, o sorriso, o cheiro e o algo mais. Quer sentir felicidade além de doar apenas, mesmo que na cama, no chão ou na cozinha. Antônio não quer mais nada! Só ela, o riso, o cheiro... 

Antônio só quer a moça do sorriso bonito com o melhor cheiro do mundo, e só.

(Marcos Ubaldino)