Tomado de covardia e dor
Abrandei-me com uma decisão Fui até a tua janela
Com um envelope na mão
Frente à janela do teu quarto
Fui invadido pela emoção
Mesmo assim, tomei coragem
E arranquei do peito o coração
Coração que não me quis
Só por ti sabia bater
Não podia mais suprir
A ausência do teu ser
Ele, não mais me queria
Escolhi então te dar
No meu peito só doía
Com desejo de te amar
Coloquei-o no envelope
Tentando dele me abster
O que por mim, não mais batia
E só por ti suplicava viver
Selei com beijo e sangue
O que morava nesse buraco de dor
Que agora, longe de mim
Ele possa sentir teu amor
Joguei-o com força na tua janela
Estilhaçando o vidro e caindo na tua cama
O envelope é um presente
É a vida de quem te ama
Não foi o suficiente
Pois, ainda sobrou dor
Mas vou ficar com esse restinho
Que sobrou do teu amor
Cuida bem da minha vida
Que agora, bate em tuas mãos
Deixe que as sobras da ferida
Com a tua saudade sentida
Cicatrize a dor mantida
Da tua lonjura infinita
No buraco, que abrigava a minha vida
Renasça um novo coração
E quando o que lhe dei
Por ti, parar de bater
Não esqueça daquela ferida
Que de tanto te amar demais
Inventou uma nova vida.
Esta nova vida inventada
Materializou-se num outro coração
Que no meu peito, só sofre de dor
Desejando viver e morrer
Na palma da tua mão
(Marcos Ubaldino)