sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Vende-se


Uns vendem-se por dinheiro, outros por abraços, uns por vaidades, outros por sorrisos. Tudo tem seu preço, inclusive você. Sim, você tem um preço, assim como um lápis, um sapato ou uma casa. A única diferença tua destes é que, quem define o valor de si mesmo, é você.

E a força que move toda essa economia se chama satisfação. Você vale o que te satisfaz, vale o suficientemente satisfatório para si mesmo. Vale o que se permitir valer, se caro ou barato, o vendedor é você. Vender-se faz parte da vida, o escambo, a troca de objetos, emoções e sentimentos é a força motriz dessa viagem.

Portanto, venda-se! Mas não por dinheiro ou vaidade, e sim, por olhares devoradores, mordidas famintas, risos gargalhantes, tapas excitantes, beijos encharcados, sussurros arrepiantes, arranhões cicatrizantes, respirações ofegantes, apertos amaciantes, puxadas dominadoras, abraços pacificadores, palavras libertadoras. Venda-se sim, mas por satisfações perfeitamente inesquecíveis.

Custe caro! Que o teu sorriso valha um "bom dia", que teu abraço custe um "você está linda hoje", que teu obrigado valha um "conte comigo", que tuas lágrimas valham um "eu te amo". Que a felicidade valha o amor e vice-versa. Que se dê mais margem aos sonhos, para que pelo menos assim, a triste realidade seja vivível através das vendas de coisas suficientemente satisfatórias para nos tornar amados, amantes e felizes.

Só precisamos disso... Isso nos basta.

(Marcos Ubaldino)

Desilusão do Vagabundo


No oitavo copo ele disse:

"Se entregar-se for sinônimo de lágrimas, entregue-se para a mentira. Faça uma armadilha para si mesmo enganando-se. Finja a cerveja gostosa, finja sorrir de desapego, finja felicidade e acredite nisso. Engane seus pensamentos. Não precisa ser, basta parecer. Sim, é mentira, mas é tua. Se enganar é poupar lágrimas alheias e secar as próprias antes de caírem. Todos vencem. Transforme em bom, mentindo. Assim, parecerás eternamente satisfeito e satisfatório. O tempo faz acostumar, relaxa. A alegria do mundo depende de você. Postura! Esse é o segredo da vida."

Virou dois dedos e pediu mais um.

(Marcos Ubaldino)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Papel das Flores


As flores são vivas, belas e perfumosas. Já foram símbolo de paixão, num passado longínquo. Hoje, servem como presente de despedida para os que já deixaram de participar do teatro da vida. É como se fosse um grito de dentro, que clama por redenção, perdão e arrependimento. É como se as flores fossem o remédio para um remorso mortal, do qual substituem tudo que se fez e não se fez enquanto vivos pela carne. As flores são o último beijo, o último abraço e o adeus para quem aprendeu com a perda.

No entanto, seria digno, se tais flores fossem entregues numa segunda-feira, na hora do almoço, acompanhada de uma caixa de chocolates e um bom vinho. Seria de muito mais apreço, se fossem entregues numa noite qualquer, enquanto ela chega do trabalho, junto de um livro e um copo d’água. Seria muito mais vital, se fossem entregues num fim de tarde, olhando o pôr do Sol, com a boca pronunciando um “eu te amo” vindo da alma. Seria muito mais inspirador, se fossem entregues por nada, pelo simples fato de se viver. Seria muito melhor, se fosse mais realidade e menos utopia.

O papel das flores é fazer chorar de emoção e não de tristeza. O cheiro delas deve lembrar vida e não morte. A simplicidade natural delas deve remeter à simplicidade da vida e fazer-nos perceber o quão estamos perdendo felicidade em busca da mesma. Flores indicam boa vida, vida risonha, vida alegre.

Quer uma dica?

Colha um milhão de flores, rosas ou margaridas, brancas ou vermelhas, grandes ou pequenas, pegue o que conseguir pegar e entregue para o mundo. Uma para cada pessoa. Flores para quem faz parte de você e de alguma maneira, te faz falta. Não espere, faça agora. Aprenda com o erro alheio, não com o seu.

Flores não nascem para viver em cemitérios, nascem para serem apalpadas, cheiradas e guardadas no coração das pessoas. O que importa está vivo, é na vida que se faz a diferença. Não presenteie o remorso com tão belas criaturas, presenteie a alegria do agora, de quem te faz bem. Comemore a vida com as flores, o papel delas é fazer amor. Vivas Flores, morte não!

Posso te dar uma Rosa?

(Marcos Ubaldino)

Da Incerteza Orgulhosa


Às vezes, ela só precisa de um sorriso.
Às vezes, ele só quer um olhar.
Às vezes, basta uma palavra para ambos.
Às vezes, basta uma oportunidade.
Faça!

(Marcos Ubaldino)

Ela


O "dom" natural de enganar com sorrisos, trejeitos, abraços, carinho, olhares, toques, cheiro, palavras e promessas. Consegue facilmente, fazer a mentira infernal das mais sujas, assemelhar-se a verdade divina mais pura e inocente, trazendo confusão suficiente para própria sabedoria duvidar-se de si. O poder real, que domina tudo e todos com um simples levantar da cadeira. Tem o que quer, a hora que quer, do jeito que quer. O baú de ouro no fundo do mar, que te faz mergulhar até as profundezas na esperança de satisfação plena, deixa-se levar sem fechadura alguma, e na volta, te faz morrer afogado na própria imbecilidade. O veneno com gosto de cerveja. O mal mais que necessário.

Prazer, mulher.

(Marcos Ubaldino)

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Nós


Até nosso sexo insano, selvagem, sujo e suado, se torna um pequeníssimo detalhe, perto de tudo que representas para minha alma e meu coração.

(Marcos Ubaldino)

Ciranda de Ciúmes


Os olhos não viram
O coração não sentiu
Mas...
A cabeça imaginou
A imaginação criou
A criação realizou
A realização fez-se verdade
A verdade foi creditada
A verdade criada, foi defendida
A defesa se idealizou
A ideologia venceu o amor
A palavra venceu o sentimento
...
Derrotado
O junto foi separado
A soma subtraiu-se
O dois tornou-se um
Um para cada lado
O amor perdeu
Mas prevaleceu
Sobrou a solidão do ideal.
E a vida continua.

(Marcos Ubaldino)

Do Levantar


Quanto mais alto,
Maior a queda,
Maior a dor,
Maior o choro,
Maior a cicatrização,
Maior a lição,
Maior a força,
Maior a compaixão.
Quanto mais alto,
Maior a alma.
Quanto mais alto,
Maior você.

(Marcos Ubaldino)