terça-feira, 18 de março de 2014

Desilusão de um Arrependimento Insano


Logo cedo, pulou da cama, varou para cozinha e fez um café da manhã regado de açúcar e afeto. Enfeitou a borda da bandeja com uma foto dela e uma rosa vermelha. Tomou um banho límpido e pôs o melhor roupão. Penteou-se, perfumou-se e respirou fundo de felicidade, encorajando-se para a surpresa.

Subiu as escadas velozmente, num ritmo explosivo de alegria, abriu a porta do quarto com um sorriso que mal lhe cabia no rosto e, surpreso, com um ar choroso e os olhos marejados, avistou a cama vazia, preenchida apenas por saudade e lençóis brancos. Ela não estava lá.

Anestesiado de confusão e dor, derrubou a bandeja do café, manchando a foto e despetalando a rosa. Se jogou na cama, revirando os lençóis e enrolando-se na própria loucura. Acalmou-se, voltou à realidade e, chorando feito criança, deitou-se sussurrando o nome dela.

Ele morrera e não sabia, mas ela, ainda vivia dentro dele. Ela assassinava-o de saudade e ressuscitava-o de esperança, todos os dias. O ciclo era infinito. Ele morria e vivia, agonizando seu inferno de tê-la apenas em seus vãos pensamentos.

(Marcos Ubaldino)

2 comentários:

  1. Passando para conhecer o blog. Ótimos textos, bom conteúdo e muito inspirador. Parabéns! Já estou seguindo e passando casualmente para ler suas postagens. Abraço.

    O POETA E A MADRUGADA
    http://opoetaeamadrugada.blogspot.com

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    1. Muitíssimo obrigado meu caro! Vou seguir à ti também, para que possamos compartilhar nossas obras. Sinta-se à vontade para dar sugestões ou para simplesmente mostrar tua arte. Muito obrigado pelo carinho.

      Abraço!

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