segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Em Busca do Vale Desencantado


Buscar felicidade em tudo cansa. Quero ter o prazer de sentir a dor forte da tristeza pra endurecer minhas moleiras, esfriar minhas fogueiras e firmar meus desequilíbrios. Cansado de manter o personagem de mocinho pra agradar pessoas de total desinteresse. Essa cobrança de certezas, de extremos, de dedos apontando tua cara o tempo todo, então... Isso deixa a gente bem cansado.

Quando o politicamente correto se torna um padrão moral inviolável, é isso que me cansa. Quero encher a cara e falar mais alto que o pandeiro. Ter que se desdobrar pra provar ser uma boa pessoa é chato, sou mal pra cacete também. Quero quando quero e não quero quando não quero, simples. Sem risos falsos ou choros forçados, só quero viver em busca da felicidade distante, que nunca se aproxima, mas sempre te acha de vez em quando. Ela vem e vai, lide com isso. Por mais que você corra, não vai alcançá-la, ela que manda, indo e vindo. Aceite isso.

Quero aproveitar a tristeza ao máximo, e com força. Sem horários, sem planos, apenas regido pela ordem natural dos acasos. Quero dar socos, cantar músicas, viajar o mundo, ler 11 livros ao mesmo tempo. Quero o que quero, entende? Quero flertar sem lesar, quero elogiar sem paparicar, quero te comer sem insensibilidade. Comer o caralho, na verdade, quero te foder mesmo, com força, morder tua bunda e te dar 2 tapas na cara. Quero puxar teu cabelo e te chamar de "minha cachorra". Mas no amor, e lógico, mergulhado na cachorrice do tesão incontrolável que somos nós dois. Isso é amor. Compreende? 

Não quero rótulo, não quero liberdade teórica, quero o que quero a hora que quero. Na verdade, não sei bem o que quero. Às vezes nem quero, só sei que, quando quero, quero, e quando não quero, não sei se quero. Mas, uma coisa que quero sempre, querendo ou não, sabendo ou não, é você que quero. Ou não... Esse papo de mendigar entendimento e compreensão é pra fracos. Não é preciso provar o que não precisa ser provado. Na vida tem dessas coisas. Cobranças e  confianças, prazeres e desprazeres, é isso que equilibra a porra toda. No final, coração forte é o que dói e não morre. A lei da selva não prevalece.

Agora, voltemos ao nosso papel de sofredor nos acasos da vida real e corramos mais rápido atrás da felicidade que nunca será tua, nem minha. Ela nos domina, jamais o oposto. Ninguém pode com ela. Ela se basta e você, fraco, depende dela. Mendiguemos migalhas dos raros risos felizes e desprezemos banquetes de choros ordinários da senhora tristeza. Como somos ingratos...

(Marcos Ubaldino)

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