sexta-feira, 18 de abril de 2014

Proclamação de Dependência


Hoje está proclamada a independência do meu coração. Sim, estou triste e saudosa... E briguei com ele também. A partir de hoje, meu coração é independente, basta-se apenas consigo mesmo e seus vasos sanguíneos. Não quer mais saber de outras correntes quentinhas perto dele. Ele esfriou. Mas sei que esse “hoje” é mais rápido que um sorriso amarelo. Sei que, amanhã ou até antes, ele voltará a sua dependência natural. Na verdade, eu acho que assim que acabar de proclamar minha independência, a dependência já reinará novamente. Na realidade mesmo, acho que neste exato momento ele ainda está dependente. Também, uma vida inteira não se transforma da noite pro dia, ou nos poucos segundos alegres de um sorriso amarelo.

Porém, mesmo sabendo disso tudo, sabendo que eu engano a mim mesmo dizendo palavras bonitas e desapegadas que só servem pra acariciar meu orgulho, que não passam de enganações próprias, que a dependência ainda continua e que isto não passa de um pequeno surto de raiva e carência que me encorajou por alguns minutos só pra demonstrar que não preciso de você... Mesmo sabendo tudo isso, eu acredito na minha mentira. Eu não preciso de você, meu coração que precisa. Isso mesmo, estou livre de você, basta convencer meu coração à se livrar também. Estou livre e condenada ao mesmo tempo. Você perdeu, bobão.

Sim... Me manterei nessa mentira confortante e vou fingir pra tudo, todos e pra mim mesma que não te quero nunca mais. Mesmo te querendo, eu não te quero.

Parei!

Dizem que somos o que acreditamos ser. Eu acredito que somos o que podemos ser. Não acredito ser uma mentirosa, mas posso ser uma. É, tá aí, escolho isso, ser uma mentira... Pelo menos até os poucos segundos alegres de um sorriso amarelo se entristecerem novamente. 

(Marcos Ubaldino)

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